Pensando em adotar um animal de estimação? Lembre-se que antes de decidir adotar você deve levar em consideração algumas coisas importantes, principalmente se você terá condições de mantê-lo adequadamente.
Cada vez mais os animais passam a fazer parte das famílias, principalmente pela verticalização das residências que proporcionam uma proximidade cada vez maior entre humanos e pets.
Apesar disso, ainda nos deparamos com notícias tristes de abandono e de maus tratos de animais de estimação.
Será que isso não tem a ver com o fato de que muitas pessoas desconhecem o que denominamos guarda responsável?
Abaixo algumas características importantes da guarda ou posse responsável de animais.
1. Esteja certo de sua decisão pela adoção de animais: antes de tudo lembre-se que um pet (cães e gatos) vivem em média mais de 12 anos, e a cada ano avanços ocorrem na Medicina Veterinária que possibilitam a extensão desse tempo. Lembre-se que ao adotar, você deve pensar no tempo que esse pet vai viver com a família e que durante todo esse tempo você é o responsável por ele. Lembre-se que nem sempre você vai poder levar seu pet para todos os locais, que alguém precisa cuidar dele nas suas férias, por exemplo. Características de cada animal devem ser bem pensadas antes da adoção para que você avalie bem as possibilidades de interação e adaptação a rotina da casa e família. Importante lembrar que cada pet tem um tempo de adaptação diferente e que esse tempo pode variar em dias, semanas ou até meses. Respeite esse tempo!
2. Você escolheu um animal filhote ou adulto: a tendência é optar por um filhote, mas existem também algumas vantagens de se adotar um animal adulto, principalmente quando se leva em conta aspectos comportamentais que nesses animais já estão estabelecidos. Filhotes, em geral, demandam mais tempo e dedicação dos tutores quando se pensa na educação dos hábitos de convivência. Vantagens de filhotes é que esses hábitos podem ser moldados mais facilmente aos da família.
3. Escolha bem a raça do cão ou do gato: antes de adotar ou comprar um animal, pesquise sobre a raça escolhida e converse com quem está fazendo lar temporário, se for um animal de abrigo. Lembre-se que ao tomar essa decisão, o animal é sua responsabilidade até o final da vida dele. Isso evita situações de abandono e maus tratos por desconhecimento das características do animal escolhido.
4. Conforto e saúde do pet: animais são seres sencientes, são dotados de emoções, sentem dor, medo, fome, frio e cansaço assim como os humanos. A posse responsável deve levar em conta todas essas particularidades e devem oportunizar locais adequados e confortáveis para dormir, abrigados do sol e da chuva, oferecimento de água e alimento de qualidade e em quantidade adequada, acesso ao veterinário e protocolos de vacinação, vermifugação e controle de parasitos sempre em dia. Lembre-se que a castração é um fator a ser considerado para a manutenção da saúde e também para evitar o abandono.
5. Adestramento de cães e gatos: adestrar significa ensinar uma língua que o animal entenda, a comunicação eficaz pode fazer bastante diferença pensando na convivência harmônica do pet e da família.
A posse, guarda ou convivência responsável é definida como:
“A condição na qual o guardião de um animal de companhia aceita e se compromete a assumir uma série de deveres centrados no atendimento das necessidades físicas, psicológicas e ambientais de seu animal, assim como prevenir os riscos (potencial de agressão, transmissão de doenças ou danos a terceiros) que seu animal possa causar à comunidade ou ao ambiente, como interpretado pela legislação vigente.”
A Comissão de Ética, Bioética e Bem Estar Animal do Conselho Federal de Medicina Veterinária considera que um animal com alto grau de bem estar é aquele com boa saúde e que consegue expressar seu comportamento natural. Para isso desenvolveu os 5 pilares do bem estar animal ou também conhecido como as 5 liberdades do animal.
1. Liberdade de medo e estresse: os animais devem ser livres de sentimentos negativos, não devem temer os tutores e/ou outros animais da casa e nem mesmo vivenciar situações que lhe provoquem ansiedade ou desconforto.
2. Liberdade de fome e sede: eles devem ter livre acesso a comida e água de qualidade, na frequência e quantidades adequadas a idade e espécie.
3. Liberdade de desconforto: o ambiente em que o animal vive deve ser abrigado, com temperaturas e superfícies adequadas para a espécie, porte e necessidades.
4. Liberdade de dor e doença: a saúde física e mental deve ser garantida, incluindo visitas periódicas ao veterinário, vacinação, vermifugação, controle de parasitos e tratamento adequado de possíveis doenças.
5. Liberdade de expressão do comportamento animal: cada espécie tem suas características principais que devem ser levadas em consideração. Evitar que os animais expressem essas características podem provocar sintomas como ansiedade, depressão, automutilação, entre outros.
Esses pilares ou liberdades são reconhecidos mundialmente e são utilizados para diagnosticar como o animal é tratado, incluindo os principais aspectos que afetam diretamente a qualidade de vida e tem como benefício, além do bem estar animal, a manutenção saudável entre o tutor e o animal.
Pela prática da convivência responsável!
Sheila Dalpiccol
Médica Veterinária
CRMV 11687