A deficiência vitamínica, é caracterizada pela falta de determinada vitamina em quantidade necessária para desempenhar sua função fisiológica normal no organismo dos cães e gatos, como por exemplo nas fases de crescimento e reprodução, períodos em que aumentam os gastos energéticos e que exigem quantidades maiores de nutrientes, para garantir um ótimo desempenho do organismo.

Na senilidade, as alterações metabólicas e fisiológicas, podem exigir maior demanda vitamínica, o que requer atenção, devido ao fato que estes indivíduos podem apresentar patologias, como diabetes mellitus e alterações renais, que levam a uma maior excreção de vitaminas. 

Vitamina A

A vitamina A é essencial em uma variedade de funções biológicas distintas. É necessário para uma visão normal, principalmente noturna, crescimento, reprodução, função imune e para manutenção do tecido epitelial saudável.

Adicionalmente, esta vitamina está envolvida na expressão e regulação de muitos genes. Todos os animais têm exigências fisiológicas de vitamina A ativa (retinol) e, com exceção dos gatos, a quase totalidade dos animais têm a capacidade de converter os precursores desta vitamina (β-caroteno), em vitamina A ativa.

A incapacidade dos gatos em realizar esta conversão se dá pela ausência ou inatividade da enzima dioxigenase, a qual é responsável pela divisão da molécula de β-caroteno. As reservas de vitamina A no corpo são mobilizadas conforme necessário para minimizar os efeitos da baixa ingestão dietética da vitamina.

Os sinais clínicos apresentados pelos animais são: lesões oculares nictalopia (cegueira noturna) e xeroftalmia (ressecamento patológico da conjuntiva e da córnea).

Outros sinais incluem anorexia, perda de peso, ataxia, lesões cutâneas, aumento da suscetibilidade à infecção, degeneração da retina, fraqueza, aumento da pressão do líquido cefalorraquidiano, nefrite, defeitos e reprodução prejudicada.

Vitamina D

A vitamina D é essencial para a homeostase do cálcio e fósforo.

Muitos animais têm a capacidade de sintetizar a vitamina D3, quando a pele é exposta à radiação ultravioleta.

A vitamina D é lipossolúvel, atuando no intestino, ossos e rins, de forma a aumentar a absorção intestinal de cálcio e fósforo, estimulando a deposição óssea e aumentando a reabsorção renal de cálcio. Contudo, cães e gatos têm limitada capacidade realizar a síntese desta vitamina.

Sinais de deficiência de vitamina D são, frequentemente, acompanhados por um desequilíbrio simultâneo do cálcio e fósforo.

Os sinais clínicos, geralmente, incluem quadro de raquitismo, junções costocondrais aumentadas, osteomalácia, osteoporose e redução das concentrações de séricas de cálcio e fósforo inorgânico. Outra consequência da escassez da vitamina D, é que, geralmente, ocorre mineralização insuficiente do esqueleto.

Em gatos, a deficiência resulta em anormalidades neurológicas associadas à degeneração da medula espinhal.

Outros sinais incluem hipocalcemia, concentrações elevadas de PTH, paralisia posterior, ataxia e quadriparesia final. 

Vitamina E

A vitamina E atua como antioxidante, tanto nos alimentos, quanto no corpo do animal.

A vitamina E tem função antioxidante, neutralizando os radicais livres e evita a peroxidação lipídica nas membranas celulares. As exigências de vitamina E dependem diretamente do nível de ácidos graxos poli-insaturados presentes na dieta e da quantidade de selênio, mineral que atua em sinergia com a vitamina, que é preferencialmente oxidada em relação aos ácidos graxos insaturados e seu nível reduz quando se eleva a quantidade de gordura ao indivíduo, pois a vitamina E é destruída neste processo, acarretando em um quadro de deficiência, causando doença degenerativa do músculo esquelético associada a fraqueza muscular, degeneração do epitélio germinativo testicular com espermatogênese prejudicada, falha na gestação, pigmentação marrom do músculo liso intestinal (lipofuscinose), alteração da resposta imunológica e redução das concentrações plasmáticas de tocoferol.

A deficiência deste nutriente também foi associada ao desenvolvimento de certos transtornos dermatológicos em cães. Adicionalmente, associou-se à deficiência da vitamina E ao desenvolvimento de demodicose. Foi teorizado que deficiências subclínicas desta vitamina, leva a depressão do sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade dos cães ao Demodex sp.

Em gatos, os sinais de deficiência, incluem a esteatite, miocardite intersticial focal, miosite focal do músculo esquelético e infiltração mononuclear periportal no fígado.

Um transtorno denominado panesteatite ou doença da gordura amarela, afeta os gatos alimentados com dietas contendo baixas quantidades de α-tocoferol e elevadas quantidades de ácidos graxos poliinsaturados.

Os sinais deste transtorno incluem a presença de gordura entumecida, anorexia, depressão, pirexia (febre), hiperestasia do abdômen e tórax e, permanece parado (recusa-se a se movimentar). 

Tiamina

A tiamina é essencial na síntese e no metabolismo de carboidratos, aminoácidos e ácidos graxos.

A deficiência de tiamina (B1) pode ser observada quando cães e gatos são alimentados com peixes crus, principalmente de água doce, os quais contêm a enzima tiaminase que destrói esta vitamina.

A deficiência de tiamina resulta em uma encefalopatia progressiva, devido à dependência de caminhos metabólicos que requerem tiamina para o metabolismo energético e síntese de neurotransmissores.

Os sinais neurológicos da deficiência de tiamina em gatos variam e podem incluir visão prejudicada, midríase, ataxia, sinais vestibulares e convulsões.

Estes sinais são frequentemente precedidos de anorexia e vômitos. A deficiência de tiamina em gatos é associada a uma variedade de dietas, incluindo carne conservada com dióxido de enxofre, alimentos comerciais, mas principalmente em peixes contendo tiaminase, enzima que destrói a tiamina. 

Biotina

A deficiência natural de biotina, não é algo muito comum em cães e gatos. Contudo, o fornecimento de claras de ovo cru e a administração de antibióticos via oral, são duas causas potenciais da deficiência de biotina.

A clara do ovo crua contém avidina, que se liga à biotina, tornando-a indisponível para ser absorvida.

Os sinais clínicos da deficiência de biotina em cães e gatos incluem o desenvolvimento de dermatite descamativa, alopecia e, ocasionalmente, diarreia e anorexia. Uma vez que a síntese microbiana intestinal pode satisfazer grande parte das exigências de biotina, os antimicrobianos que diminuem a população da microflora intestinal também podem resultar em sinais de deficiência de biotina.

Os sinais clínicos incluem crescimento deficiente, dermatite, letargia e anormalidades neurológicas. 

Cuidado com dietas veganas para pets!

Dietas veganas para os pets, são escassas em alguns nutrientes essenciais, inclusive vitaminas, como o ácido fólico e, principalmente a vitamina B12, pois, somente ingredientes de origem animal contêm essa vitamina, e a falta leva ao desenvolvimento de transtornos metabólicos, sinais gastrointestinais e complicações sistêmicas como, imunodeficiência e anemia. 

Sabrina Braga Knorr

Médica Veterinária – Mestre em Saúde Animal

CRMV-RS 15469

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